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História marada de computadores marados - Primeira parte

Desde que os seres humanos se aperceberam de que os dedos apenas os ajudavam a contar até dez, começaram à procura de uma maneira mais rápida de fazer os seus trabalhos de casa de Matemática. Embora alguns sistemas de cálculo, como o ábaco, existissem desde o ano 3000 a. C., não aconteceu muito durante quatro mil e quinhentos anos.

1623 – Como o trabalho em ferro se tornou muito mais preciso, o alemão Wilhelm Schickard constrói um «relógio-calculadora», capaz de multiplicar dois números de seis algarismos. Foi reconstruído em 1960 e funcionou.

1642 – O inventor francês Blaise Pascal constrói uma máquina para ajudar o seu pai, que era cobrador de impostos, a calcular os impostos que as pessoas tinham de pagar. É a primeira calculadora digital. Chamada Pascaline, adiciona colunas de números. E ainda por cima funciona bem, até que o pai tenta uma soma como 99999+1  e todas as peças ficam encravadas ao tentar transformar os noves em zeros.

1673 – Um outro matemático alemão, Gottfried Leibniz, constrói uma calculadora mecânica que multiplica, divide, soma e subtrai.

1822 – O inglês Charles Babbage concebe uma máquina chamada Motor de Diferença para calcular as tabuadas. Esta máquina nunca, mas nunca, se vai abaixo. Por que não? Porque Babbage nunca chegou a acabá-la!

1833 – Babbage inventa uma máquina muito mais avançada. Esta é diferente de todas as outras máquinas de calcular que até então tinham sido concebidas. Chamada Máquina Analítica, não só faz contas, como obedece a um programa (um conjunto de instruções). Esta máquina também nunca se engana – mas não por Babbage não chegar a acabá-la. É porque nunca chega sequer a começá-la! Esta Máquina Analítica é tão complicada que ninguém sabe como construí-la!

Charles Babbage (1791-1871) é famoso no mundo dos computadores porque, mesmo que não tenha conseguido pôr as suas ideias em prática, muitas delas eram tão inteligentes e avançadas em relação à sua época, que ainda hoje se podem encontrar na concepção dos computadores modernos. Durante a sua vida, no entanto, muitas pessoas não pensavam de todo que Babbage fosse inteligente – pensavam que ele era completamente doido!

Então, Babbage «Inteligente» ou Babbage «Doido»? Considera tu as provas!

Inteligente – Ele foi professor de Matemática na Universidade de Cambridge.

Doido – Ele nunca deu aulas, passava o seu tempo a inventar coisas!

Inteligente – Nem todos os inventos de Babbage tiveram a mesma sorte. Os comboios tinham sido inventados há pouco tempo e Babbage era louco por eles. À medida que os carris começaram a atravessar os campos abertos, Babbage foi o primeiro a prever um possível problema... por isso, sentou-se e inventou a grelha de protecção (para afastar as vacas e outros empecilhos da frente do comboio)!

Doido – Também estava intrigado com o fogo. Foi ao ponto de se fazer descer a um vulcão para poder ver a lava derretida mais perto! Noutra ocasião, meteu-se num forno a 124º durante cinco minutos, emergindo bastante contente, «sem qualquer desconforto».

COLEMAN, Michael - Apanhados dos bits.

Europa-América, 2002. Pág. 10-14